12/01/2012

Warrior

Os culpados do meu atraso em ver este filme foram o poster e o seu título. Presumi que seria mais um filme do John Cena ou assim, em que haveria apenas esteróides e músculos. Não podia estar mais enganado.

Um ex-marine retorna a casa de onde tinha fugido com a sua mãe devido ao alcoolismo de seu pai tendo em mente que este o volte a treinar para ganhar um torneio de MMA com um prémio milionário. Ao mesmo tempo, o seu irmão velho que optou por ficar perto do pai, mas sem qualquer ligação, vê-se com  problemas económicas e resolve entrar no mesmo torneio. Tudo aponta para um duelo sangrento entre irmãos...

Gavin O'Connor, que já realizou 2 obras que gostei(Pride and Glory e Miracle), reuniu um elenco sem nenhuma grande estrela mas com uma qualidade tremenda. Tom Hardy dá-nos a melhor interpretação da sua carreira. Consegui perceber a demência/depressão/sofrimento da sua personagem. Criou alguém super violento mas com o qual podemos ter compaixão. É um actor que me calha bem. Que vai na direcção certa. Será Bane no novo Batman. A fazer de seu irmão mais velho temos Joel Edgerton, um desconhecido. Num nível aceitável, é completamente ofuscado por Tom Hardy. E pelo seu 'pai' Nick Nolte. Está velho, desfigurado, mas ainda sabe fazer o que fez nos últimos 40 anos, representar. Resta deixar uma nota para a carinha laroca do filme, a 'ex-médica' Jennifer Morrison.

Não é um filme violento. Se o considerarem assim então Rocky também o é. Tenta ser real no que se passa dentro da jaula. E mesmo não estando eu por dentro do mundo de MMA parece-me que conseguiu. 

Esquecendo a jaula porque o filme não é sobre uma cambada de homens andarem à porrada, o filme consegue criar-nos dúvida, deixar-nos a pensar, levar-nos a escolher partidos, a escolher entre irmãos. Mas ainda é mais do que isso. Consegue tocar em vários temas, todos relacionados, todos interligados, todos actuais. Há o ex-marine que sentiu na pele o que realmente se vive em zonas de guerra, os bombardeamentos falhados, os actos heróicos que ninguém condecora, o companheirismo em combate. Há o professor que tem 2 empregos para não perder a casa para o banco. Há o pai alcoólico que tenta aproximar-se dos filhos. Há a mãe que morreu de doença após ter fugido de casa. Há referências à religião. E há amor.


Paddy Conlon: The devil you know... 
Tom Conlon: ...is better than the devil you don't. 

Grande grande grande filme. Se aceitarmos que encaixa no género desportivo, bate Moneyball e é o melhor do ano. Sem qualquer dúvida. 

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