22/03/2011

Mudança de onda... às vezes é preciso

A Luz em Agosto faz parte do passado. Uma das principais obras de William Faulkner não me desiludiu. Como esperava é uma grande narrativa, bem contextualizada numa época em que o racismo imperava na zona sul dos Estados Unidos e sem linearidade temporal já que recorre a flashbacks para dar explicação a certos comportamentos. Joe Christmas, no que parece uma clara alusão a Jesus Cristo, é a personagem principal atormentada por uma dúvida. Com uma caracterização profunda é o centro da narrativa.
Um tipo de escrita simples mas que se pode tornar maçuda em certos momentos. Apesar disso, gostei.

Para fugir a esta onda de escritores mais famosos e galardoados em que me encontrava imerso, a minha próxima escolha foi um romance de um novo escritor: O Viajante do Século de Andrés Neuman. Galardoado com um prestigiado prémio espanhol, Prémio Alfaguara Romance 2009, tem pormenores originais que estou a adorar. A forma de escrever os diálogos, não usado hiffens, mas tudo encadeado e ao molho pode parecer confuso no primeiro instante mas depressa entramos no ritmo e até parece dar mais dinâmica à história. Outro pormenor precioso é a forma como caracteriza, misturando diversos mundos, usando personificações.
"Tudo estava tão quieto que parecia que alguém os espiava sustendo a respiração."
"Ao abrir os postigos, a janela emitiu um acorde de madeiras e pó. A luz da rua era tão fraca que, mais do que iluminar o quarto, veio juntar-se à penumbra como um gás."
Vamos a ver se não me desiludo com a história...

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