Chicos Espertos. Algo que me tira do sério. Aquele tipo de pessoas que falam, falam, falam mas não dizem nada que se aproveite. Quem for ingénuo a ouvi-los até pode pensar que tudo sabem. Nada é mais falso. São facilmente desmascarados. Lembra-me a provérbio do coxo e mentiroso. E mesmo desmacarados não admitem que não sabem. Que erraram. Limitam-se a mudar de opinião consoante lhes favorece. Lembram-me uma característica dos girassóis. A sua busca por Sol. Heliotropismo, dizem os conhecedores. Eu adapto para falta de personalidade/carácter. Admitir que não se sabe é de gente madura. Dizer 'não sei' não é para todos. Até me parece estar fora de moda admitir ignorância sobre algum assunto. Todos tentam PARECER mais espertos do que quem os rodeia. Porque não tentarem realmente SEREM mais espertos dos que apenas PARECER? Adicionarem algum conteúdo, alguma base, alguns alicerces a tanta pretensa sabedoria? Nesta sociedade capitalista onde a competitividade e ambição atingem picos que levam a deslealdade e hipocrisia sem qualquer tipo de pudor e ressentimento por quem atropelamos, em cada 3 pessoas que conheço, 2 encaixam no perfil da moda. São como uma praga. Por vezes tenho saudades da ingenuidade da infância onde nada disto me era conhecido. Queria era brincadeira, aprender, experienciar. Belos tempos. Tempos que recordo ocasionalmente quando chego a casa e vejo a neta da minha vizinha a distribuir espanholadas e sorrisos. 'Leonor, diz olá a ele' pede a mãe vinda do trabalho. 'Olá a ele' graceja ela enquanto faz um carinha de anjo e me irrompe pela casa dentro em busca de algo que nunca encontra. Regressa sempre. Enquanto isso os Chicos Espertos continuam a expandir-se. Não os consegues vencer, junta-te a eles? Nunca. O facto de termos consciência é que nos torna humanos. Quero manter-me humano. Sabem quem mais? Chega. Alio-me a Sócrates: Só sei que nada sei...
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